maio 03, 2009

dia da mãe

aconteceu na noite fria e chuvosa do passado dia 15 de abril.
estávamos, na sala, com a Humana, a apreciar mais uns dos nossos muitos momentos tranquilos. a Humana, sentada no sofá, nós nos nossos cestos, o lost no seu almofadão especial, deitado aos pés da dona.
nisto, uns gemidos de aflição. num arrepio, a Humana ainda tentou enganar-se: deve ser o vento. vou lá fora ver, no entanto, se alguma coisa se passa.

uma pequena casota para cão, em cimento, foi cá deixada pelo anterior habitante da casa e a Humana não se desfez dela. aproveita-a, por vezes, para arrumar o seu cesto e pequenos equipamentos de jardinagem.
quando veio cá fora, nessa noite, a Humana percebeu que os gemidos vinham daí, dessa casota. munida de guarda-chuva e lanterna, o que foi ela encontrar? uma gata, a dar início ao seu trabalho de parto.
fomos obrigados a sair da sala, excepto o meu filhote artur, que teimou em ficar no sofá, sossegadinho, a assistir a tudo. entretanto, a Humana já tinha posto a bichana num cesto, forrado com uma mantinha em malha polar, e ligado o aquecimento. quando o trabalho de parto acabou, ela deixou a mãe-gata ficar a descansar, com os seus cinco bebés, e deixou junto dela um caixote com areia, alguma comida seca e água.
no dia seguinte, foi preciso transferir o cesto e seu conteúdo, bem como recipientes com água e comida para uma outra divisão da casa, onde mãe e filhos pudessem ficar sossegados.
agora, reparem no que vos conto: a gatinha, de bela pelagem lustrosa, preta e branca, à qual demos o nome de dominó, permitiu que a Humana mudasse o cobertor e a almofada do cesto, tendo, para isso, que pegar nos bebés (coisa que ela fez, com as mãos calçadas com luvas de lã) e, além disso, bebeu um pires de kefir que a Humana segurava, pois ela não saía do cesto, para amamentar os pequerruchos. a partir desse dia, tem-se revelado uma gatinha confiante e perfeitamente adaptada aos hábitos de um lar. que conclusão podemos tirar daqui, amigos? que as pessoas com quem esta gata vivia a deitaram fora, quando ela estava para ter os seus filhotes.
lembrei-me, ao contar hoje esta história, com a permissão da minha Humana, é claro, que talvez hoje as pessoas que abandonaram a dominó estejam a celebrar o dia da mãe, a dar ou a receber presentes comprados ontem, à pressa, em qualquer shopping. e penso como seria bom eu saber quem eram e irromper pela festança adentro, eu, gata idun, brindando: tchim tchim, à vossa saúde podre, ao vosso coração de plástico e à vossa hipocrisia.

entretanto, à socapa, consegui fotografar os pequerruchos. o farçolinhas a dormir com a língua de fora tinha apenas 8 dias, quando foi apanhado naqueles preparos. é pretinho e branco, tal como a mãe.



as fotos foram tiradas enquanto a dominó foi comer. tive de ser muito rápida, pois ela não se importa que a humana mexa nos bebés mas detesta o ruído que a camara fotográfica faz e, se nos aproximamos demasiado, é só mostrar garras e "riscar fósforos" (gosto muito desta expressão que a sílvia, do blog gatofru usa, para traduzir o fsssssssfsssssss dos felinos zangados).
a Humana já decidiu que a dominó ficará connosco. em breve chegará a altura de tentar arranjar dono para quatro destes gatuchos (um deles já tem alguém à espera de poder ficar com ele). a Humana diz que só os entrega a partir dos dois meses de idade. se os amigos que nos visitam, aqui de portugal, souberem de alguém responsável que queira dar afecto e cuidados a algum destes bebés, agradeço que passem o meu email: idun-a-felina@sapo.pt.

Arquivo de jardinagem

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