dezembro 07, 2014

ausências

eu, a restante gataria aqui do jardim e o rafeiro Lost andámos verdadeiramente apoquentados. a Humana resolveu ausentar-se (por um século, diz o Artur em tom dramático) e deixar-nos entregues aos cuidados de outra pessoa. o Lost não escondia a sua tristeza, eu e a Brunildinha  recusámo-nos a entrar em casa; dormíamos debaixo do automóvel da Humana que, mudo e quieto à porta de casa, também parecia sentir a sua falta. foi a Brunilde quem sugeriu que fizéssemos uma greve de fome, a qual acabou por durar apenas um dia e uma noite.  nós a fazermos o sacrífício de não tocar na ração, quando nos apercebemos de que ela (a Brunilde) se escapuliu de madrugada para ir alimentar-se de ratos do campo!  assim, demos por concluída essa forma de protesto quando, de manhã, um delicioso paté nos piscou o olho, no prato habitual.
finalmente, um belo dia, eis que a Humana regressa a casa,  declarando ter sentido imeeeensas saudades da sua bicharada. foi um momento muito feliz para todos nós. regressámos à normalidade do nosso quotidiano, apenas pautado, agora, por pequeninos sobressaltos: um pássaro que se nos escapa e se põe a zombar de nós no ramo mais alto de uma árvore, a chegada do novo vizinho Patolas, um simpático barbudo com sete anos, a descoberta de um ninho de ratos que muito entusiasmou o aventureiro Llugh...
dezembro tem-nos brindado com dias límpidos e frios; o Lost ocupa o seu lugar na fila zero, em frente à lareira acesa; eu, a Brunilde e a Brida dormitamos no sofá. lá fora, o Artur e o Lancelote ouvem atentamente, no conforto da sua vivendazinha ornamentada por almofadas e cobertores polares, as novidades que o Llugh, recém chegado de uma das suas digressões pelo campo, lhes relata.

Agora, um pouco à maneira da Humana, aqui vos deixo alguns apontamentos:
idun - sempre pronta para uma boa soneca
llugh no "tronco da meditação" que é, também, um bom aparador de unhas
amanhecer





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