dezembro 12, 2010


















que lindas rosas lhe trouxe o sr. pinguinhas, d.adelina!

o sr. pinguinhas vive num lar de idosos, ao cimo da minha rua; apesar dos seus oitenta e muitos anos, gosta de ir passar o seu bocadinho ao café do sr. ramiro. pelo caminho, colhe uma ou duas rosas, dentre as que o espreitam nos muros dos jardins, para oferecer à co-proprietária do estabelecimento.
transmontano dos quatro costados e possuidor de um coração grande, o sr. ramiro é um repositório de histórias, cuja geografia abrange a pequena aldeia de genízio, concelho de miranda do douro, onde passou infância e juventude e contraiu matrimónio, a terra onde vive, a base naval do alfeite e algumas localidades de angola e moçambique, onde prestou serviço na marinha.

hoje, a propósito das rosas que apreciei, falou-me de um certo casal, muito unido, que todos os dias gostava de dar o seu passeio pelas ruas de genízio, de mãos dadas; e, nessas alturas, ele colhia sempre uma flor silvestre para oferecer à mulher, antes de chegarem a casa.
o facto de uma trombose a ter confinado a uma cadeira de rodas e lhe ter roubado a fala, já em idade avançada, não impediu que josé gregório, o marido, continuasse, até ao último dia da sua vida, a fazer o habitual passeio, sempre que as condições climatéricas o permitiam, empurrando a cadeira de rodas e depositando no regaço da mulher as mais belas flores que ia encontrando.

confesso que, ao serem-me transmitidas, estas recordações acentuaram o excelente sabor do meu primeiro café da manhã. e, apesar dos meus dias apressados, não quero deixar de partilhar convosco, ainda contada de fresco, esta real história de amor.

Arquivo de jardinagem

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