é um gato de rua. preto e branco, já de certa idade, colecciona feridas e arranhões, em brigas violentas com outros machos.
um dia, estávamos nós no recato do nosso jardim quando o vimos, boquiaberto, a espreitar-nos, lá de cima do muro.
-estás a olhar para onde, ó pascácio? - perguntou o lost, pronto a defender-nos.
os dias foram passando e as visitas do pascácio tornaram-se habituais. entretanto, a Humana foi tirando informações: o gato era de uma senhora que o tinha abandonado, já há uns anos, mas havia várias pessoas que lhe davam comida.
agora, a nossa ração (e o paté também, infelizmente) tem de dar, sempre, para mais uma boca. logo de manhãzinha, o pascácio vê as horas: ena! tenho de apressar-me. por esta altura, já a Humana está a servir refeição à gataria.
em menos de um fósforo lá está ele do lado de fora do portão, paciente, à espera. e até ronrona quando, para além da comida, a Humana lhe propicia uns mimos extra: escovadelas, festinhas, coisas às quais ele já há muito se tinha desabituado.
depois, somos nós que ficamos a vê-lo a descer a rua, lentamente, iniciando a peregrinação pelos locais onde sabe que irá encontrar refeições variadas.
pascácio- eh, gataria! 'bora dar um giro aqui pelo bairro?
o artur ainda se aventurou a acompanhá-lo mas desistiu do passeio, mal passou um automóvel.
pascácio - cambada de peluches! deviam era ir correr mundo, tal como eu, para ficarem a saber o que é a vida....